As metanfetaminas são substâncias relacionadas quimicamente com as anfetaminas e são um potente estimulante que afeta dramaticamente o sistema nervoso central. A droga é facilmente sintetizada em laboratórios clandestinos, sendo – conjuntamente com o ecstasy – uma das mais populares drogas sintéticas.
As metanfetaminas são chamadas comumente de ice, cristal, speed e meth, mesmo no Brasil. É apresentada geralmente como um pó branco, cristalino, com gosto amargo e é facilmente solúvel em água ou álcool. As metanfetaminas foram aperfeiçoadas originalmente no Japão e Alemanha, na Segunda Guerra mundial, e eram dadas a operários e combatentes de forma a espantar a fadiga no esforço de guerra. Até hoje é uma das drogas mais consumidas nos países orientais.
As metanfetaminas podem ser aspiradas (cheiradas), inaladas, ingeridas ou injetadas. No Brasil são mais comumente aspiradas ou ingeridas – algumas vezes inadvertidamente – pois são facilmente solúveis. Os efeitos imediatos, sob efeito da droga, são extrema euforia, estado de alerta, movimentos repetitivos, paranóia. Assim como outros estimulantes alguns usuários podem sentir desejo sexual enquanto outros sentem repulsa por qualquer contato íntimo.
Uma de suas principais características, bastante comentadas pelos usuários, é a longa duração de seus efeitos. Uma única dose de metanfetamina pode levar o consumidor a ficar em estado de alerta e intensa agitação por 48 ou 72 horas seguidas. O que a faz ser conhecida – injustamente – como a droga dos internautas. Essa fama vêm, aparentemente, de casos isolados, mas com grande repercussão, de jovens que chegavam a jogar videogames em rede (Lan Houses) até 48 horas seguidas, em países orientais, com resultados inclusive fatais.
Na nossa avaliação estes fatos estão mais relacionados a popularidade, nesses países, tanto das metanfetaminas como das Lan Houses, não havendo nenhuma condição particular das atividades dos jogadores com a facilitação do consumo da droga.
Os efeitos das metanfetaminas no cérebro estão relacionados com o aumento abrupto da produção da dopamina, neurotransmissor importante no delicado mecanismo de recompensa cerebral.
Milhões de anos de evolução e seleção naturas proveram nosso cérebro de uma complexa teia neurológica de recompensas para situações que favoráveis a nossa existência. Esse mecanismo regula nosso humor, emoções, excitações, estados de euforia e satisfação. A ingestão regular de euforizantes químicos, notadamente a cocaína e anfetamínicos tais como ecstasy e metanfetaminas enviam um sinal falso para o cérebro de que o consumo desta droga e as situações envolvidas são imensamente benéficas em detrimento daquelas realmente importantes para nossa evolução.
Os efeitos neuroquímicos destes estimulantes no cérebro são confundidos com os mecanismos de recompensa para situações desejadas. Um perigoso atalho que dispensa as situações normalmente requeridas para o disparo desse mecanismo, como sexo, realizações profissionais, amor, companhia de amigos e familiares, inter-relação pessoal, etc. O resultado neuroquímico mais evidente em usuários é justamente o desequilíbrio deste delicado mecanismo, o que acaba por afastar o usuário das atividades normalmente prazerosas levando-o a buscar a recompensa química nos estimulantes.
É bastante normal usuários deixarem, gradativamente, de se sentirem confortáveis e estimulados para atividades cotidianas. Ao mesmo tempo podem experimentar um euforia quando deparados com assuntos, fatos ou lembranças de episódios de consumo da droga. Isso ocorre por que, quimicamente, seu cérebro passa a buscar mais os estímulos mais fortes e as situações nas quais ele foi “recompensado” em depreciação as situações onde ele normalmente deveria sentir este estímulo.
Apesar de tanto as metanfetaminas quanto a cocaína serem psicoestimulantes, elas se comportam de maneiras diferentes a nível celular. As metanfetaminas estimulam a produção de dopamina e também são, por si próprias, semelhantes ao neurotransmissor. Já a cocaína é, principalmente, um inibidor da recaptação da dopamina.
No final das contas ambas as drogas causam o mesmo efeito, porém a metanfetamina têm um potencial de danos aos neurônios maior e mais rápido. Estudos realizados com cobaias demonstram que um só episódio de consumo de metanfetamina, em altas doses, pode causar grandes danos permanentes nas células nervosas. Isso se deve tanto ao mecanismo de atuação a nível celular como ao fato de que as metanfetaminas demoram muitíssimo mais do que a cocaína para serem metabolizadas e excretadas do corpo.
Além disso as metanfetaminas são muito perigosas para o sistema vascular. Estes danos são principalmente causados pela rápida alta da pressão sangüínea que pode levar a microderrames no cérebro e danos as veias e artérias. Mais freqüentemente do que outras drogas, os usuários de metanfetaminas relatam episódios de paranóia, anorexia, ansiedade crônica, etc. – especula-se que estes efeitos são relacionados a longa duração dos efeitos da droga. Os sintomas psicóticos muitas vezes persistem mesmo após anos de abstinência.
O uso de metanfetaminas, a médio prazo, está claramente ligado a uma diminuição das capacidades de concentração, aprendizado e memória.
O Brasil, por ser um país próximo a grandes centros produtores de cocaína, acaba por ter uma demanda menor de drogas sintéticas desprovidas de grande apelo de marketing, a exceção é o ecstasy. A oferta barata de cocaína compete diretamente com o potencial produtor de laboratórios clandestinos de metanfetaminas; Porém as metanfetaminas começam, pouco a pouco, a serem encontradas no Brasil, principalmente ligadas a grupos já tradicionalmente consumidores de outras drogas sintéticas, tais como frequentadores de clubs e festas de música eletrônica, apesar dos grandes esforços dos promotores sérios destes eventos os desassociarem ao consumo destas drogas. Mais recentemente houveram relatos de que as metanfetaminas também começam a serem utilizadas em alguns campus universitários, talvez pela facilidade de sua síntese nos laboratórios locais.
Nota importante:
Estes gráficos, assim como as opiniões aqui transcritas são baseadas em informações compiladas do NIDA – National Institute of Drug Abuse – USA e da livre interpretação dos autores do conteúdo deste site. Os autores procuraram se ater exclusivamente a fatos científicos e observações sociais, sem nenhum julgamento moral sobre o assunto. As drogas em geral são um assunto muito complexo, e não devem ser interpretados sob uma única ótica; Assim sendo outras opiniões são perfeitamente plausíveis.
O texto aqui apresentado é meramente informativo e a Toxicologia Pardini é uma empresa de exames para detecção de consumo de drogas que se abstêm a tomar uma posição a respeito das drogas e seus efeitos, deixando isso com os vários especialistas e suas correntes interpretativas dessa complexa questão.