Sempre tivemos desconfiança de que meu irmão usava drogas devido a sua agressividade e pelo dinheiro gasto.
Com 16 anos começou a fumar cigarros e ter algumas companhias ruins. Mesmo com pressão ele negava e negava. Até que com 19 anos entrou para a Universidade, mas não concluiu nem o primeiro semestre. Alegava que já tinha experimentado maconha, mas negava que era usuário e que tivesse usado outro tipo de droga, no entanto tinha algumas crises de histeria e furtava cheques
e dinheiros de nossas carteiras, mesmo tendo emprego, o seu salário não dava. Alegava que seus gastos eram com mulheres, baladas na Vila Olímpia, carro que havia quebrado, mas não era verdade. Quando era apertado pela família negava até a morte e chorava muito. A família sabia, mas não queria acreditar que era possível um menino com bons exemplos na família, pais
dedicados e amorosos, pudesse se deixar envolver nessa bola de neve, que são as drogas. “O pior cego é aquele que não quer ver.”
Com 20 anos, ele decidiu ficar dois anos longe de casa, mudando-se de São Paulo, indo morar e trabalhar na zona rural. Claro que para a família foi dificil, mas ninguém sabia que o motivo eram as drogas. Na verdade parecia que ele queria fugir.
Lá ele conheceu uma moça e veio morar de novo na casa dos meus pais, só que dessa vez com ela. Isso o fez se segurar um pouco, mas ele escapava algumas vezes, pelo menos uma vez em cada quinze dias… sempre arrumava uma desculpa. Até que arrumou a sua própria casa, preparativos para a festa e depois de um ano, morando com os meus pais, ele se casou com essa moça. E em um mês tentou o vestibular, onde começou a cursar faculdade, com meus pais pagando o curso. Mas somente no inicio do 2. semestre descobrimos a grande mentira: Meu pai encontrou maconha no carro dele e foi um caos em nossas vidas. Principalmente na vida dos meus pais, que se culpavam por isso. Ele só havia comparecido 02 dias na faculdade e os meus pais pagaram por sete meses!!!! Ele dizia que não era um viciado, que maconha não é nada, que sem liberdade ele não conseguia viver. Sempre diziamos que ele não era usuário só de maconha, por seus comportamentos, mas ele negava usar outras coisas.
Foi quando fizemos o teste do cabelo e o resultado foi cocaína em nível grave.
Simples, rápido e seguro, pois ele não acreditava que poderia vir algum resultado através do cabelo. Ainda mais dos pêlos das axilas, já que o seu cabelo era muito curto cortamos os pêlos debaixo do braço. Ele confessou que era usuário de pó mesmo e que conheceu e começou a fumar a base da cocaína com maconha (free-base ou mesclado) nesses apenas dois dias de faculdade, o
que o fez usar todos os dias durante 6 meses. Nos últimos meses da descoberta, ele estava no fim mesmo, pois deixava de comparecer em churrascos, em festas familiares e sumia de sua casa até nos finais de semana. Ele passou por diversos problemas, mas não o internamos, achamos que a internação era a última solução. Depois de começar o tratamento, ele teve
crises de fissuras e teve três recaídas muito feias, onde conseguiu nos burlar e usar a drogas. E a última vez que teve a recaída, foi ao vender suas coisas pessoais, das quais ele gostava muito. E acredito que foi assim que ele enxergou que estava no fim do poço e que precisava parar, pois era mais forte que ele.
Vão para quatro meses que ele está sem as drogas. Fazendo tratamento com psiquiatra e tomando medicamentos. Ele está disposto a sair delas e a família está ajudando, pois ele perdeu sua liberdade totalmente. Só anda acompanhado, não fica com o seu dinheiro, não fica mais com o seu carro, enfim, está vivendo uma vida vigiada. Estamos com esperanças e o teste nos ajudou a abrir a mente, pois é muito dificil entender o por quê disso tudo e entender como a cocaína age no indivíduo. A família deve procurar ajuda de profissionais, fazer o teste do cabelo sempre que desconfiar, pois assim vão poder confiar na pessoa novamente.
Eu só tenho que agradecer as pessoas que trabalham nesse laboratório, nesse site e ainda agradecer a pessoa que me atendeu e me ligou, me dando conselhos e dicas de como agir com meu irmão. Com fé, perseverança e esperança venceremos. Obrigada e espero que meu depoimento sirva para outras pessoas que passam por problemas parecidos.